O Estudo Informativo da Linha de Alta Velocidade Madrid-Extremadura: O troço Madrid-Oropesa está em fase de exposição pública, a fim de definir o traçado definitivo, as características e os serviços a serem prestados pela futura via, os prazos de execução e os orçamentos. E a partir daí começam as fases da Declaração de Impacto Ambiental (DIA) e depois a elaboração dos projectos.
A origem desta linha está na RTE-T definida na Decisão 884/22004/CE (29 de Abril de 2004) do Parlamento Europeu e do Conselho, na qual são estabelecidos 30 Projectos Prioritários (30PP). Estes incluem o Eixo de Passageiros de Alta Velocidade 9 entre Lisboa e Madrid (ao longo de uma rota semelhante à actual linha ferroviária de Alta Velocidade Madrid-Extremadura em construção) e o Eixo de Mercadorias 16 entre os portos de Lisboa/Setúbal/Sines- Puertollano – Madrid- Zaragoza- Paris. Posteriormente, em 2005, estas duas linhas, uma para passageiros e outra para mercadorias, no Plano Estratégico de Infra-estruturas e Transportes (PEIT) 2005-2020 do Governo espanhol, foram fundidas numa única linha ferroviária mista de passageiros e mercadorias, que foi proposta à UE para ser incorporada na RTE-T e na modificação de 2011 foi incluída como o ramo sul das ligações entre Portugal e Espanha do Corredor Atlântico.
Já nessa altura muitas opiniões técnicas foram ouvidas sobre as dificuldades de tornar as ligações de alta velocidade de passageiros e de carga compatíveis de uma forma óptima. Embora se possa considerar que com um baixo volume de serviços, tecnicamente não deve haver dificuldades e estes podem ser compatibilizados, à medida que o volume de serviços aumenta, a operação torna-se mais difícil, reduzindo a qualidade do serviço em ambas as utilizações e dificultando claramente as velocidades médias dos serviços de passageiros de alta velocidade.
Como já defendemos nas considerações anteriores, tanto para passageiros como para carga, os cenários imagináveis em 2005 de fluxos entre Portugal e Espanha são radicalmente diferentes, pelo que o Estudo Informativo deve considerar desde o início o desvio da carga tanto quanto possível da linha de passageiros de alta velocidade, bem como identificar as máximas possibilidades futuras para que o serviço de carga possa ser prestado aos locais directamente afectados pela rota.
Outra consideração importante a ter em conta são os contínuos avisos da UE de que Madrid poderia tornar-se um “estrangulamento” para as mercadorias devido à natureza radial das infra-estruturas, impedindo o crescimento do transporte ferroviário de mercadorias. Deve ter-se em conta que o necessário aumento futuro do transporte ferroviário de mercadorias devido à sua eficiência e sustentabilidade ambiental poderia ser evitado pelo colapso de Madrid e é necessário tentar desviar o mais possível os transportes que não operam em Madrid.
PROPOSTA
Por conseguinte, para além da solução de curto prazo fornecida no Estudo Informativo, que pode melhorar significativamente a rede de prestação de serviços no presente, devem ser consideradas as seguintes alternativas:
- Que os troços de passageiros de alta velocidade previstos, chamados Torrijos e Talavera, a possibilidade futura de ser também uma linha de carga que ligue Talavera a Toledo e reconstrua a ligação desta cidade à estação de Algodor (ligação actualmente desmantelada ou substituída pela de alta velocidade) e a partir daí a ligação com Castillejo e a Linha Madrid- Alcazar de San Juan. Seria uma alternativa para evitar no futuro as encostas na alternativa proposta no estudo e dar a melhor saída para a zona de La Sagra, Talavera de la Reina, Toledo e o Norte da Extremadura, para ligar com Madrid, o Corredor Mediterrânico e o Sul de Espanha.
- Entrada em Madrid para ligação às estações de carga por diferentes alternativas Cercanías, em função das suas intensidades de tráfego e horários, incluindo a actividade nocturna. É portanto necessário considerar as ligações das Linhas C5, C4 e C3 com a linha convencional Talavera-Madrid.
ACCESO Á MERCADORIAS
Do mesmo modo, para descarregar tanto quanto possível a Linha de Alta Velocidade Madrid-Extremadura do tráfego de mercadorias de extremo a extremo desde Portugal até à Europa Central e evitar passar por Madrid, é necessário insistir no Estudo Informativo sobre a necessidade urgente de completar as obras de melhoria, segurança e electrificação da Linha Mérida – Puertollano – Manzanares, o que permitirá a ligação directa com o Corredor Mediterrânico, bem como proporcionar uma alternativa às necessidades do Norte da Extremadura, descarregando o tráfego de mercadorias dos troços de Toledo.
Outra alternativa que deve ser considerada é a inclusão na RTE-T e a construção da ligação ferroviária entre Plasencia e Salamanca. Uma proposta estudada e apresentada pelo Conselho Económico e Social da Extremadura e proposta pela Junta da Extremadura e pela Assembleia da Extremadura para a próxima revisão da RTE-T prevista para 2022.